Já pensou na importância que a audição tem para si e para a sua qualidade de vida?
A escritora Hellen Keller, que ficou famosa por ser a primeira pessoa cega e surda a conseguir terminar os estudos superiores, disse uma frase que resume a importância da Audição: “Não ver afasta-nos do mundo, não ouvir afasta-nos das pessoas.” A audição é uma ferramenta essencial para o ser humano, que nos permite comunicar, socializar, interagir e sentirmo-nos integrados numa sociedade repleta de sons.
E quando deixamos de ouvir?
Os primeiros sinais de perda de audição passam por dificuldades em perceber a fala, pedir várias vezes para repetir, colocar tendencialmente a televisão mais alta, estar mais desatento ou sentir cansaço excessivo após um convívio social.
Aos primeiros sinais de perda de audição, deve procurar um médico Otorrinolaringologista e posteriormente fazer uma avaliação auditiva com um Audiologista, principalmente no caso das pessoas com mais de 65 anos, uma vez que estão mais expostas ao fenómeno do envelhecimento.
O que é a reabilitação auditiva?
Apesar da perda auditiva ser frequente, e afetar um terço da população com mais de 65 anos, hoje em dia a tecnologia está tão avançada e focada no conforto e na qualidade de vida, que não há razão para viver com problemas auditivos. Seja qual for o tipo e grau de perda, haverá sempre uma solução para melhorar a função auditiva – é a este processo que chamamos de Reabilitação Auditiva. Esta intervenção clínica tem dois objetivos fundamentais: melhorar a qualidade de vida através da melhoria da audição e, consequentemente preservar e otimizar as capacidades comunicativas e relacionais.
Quando devo procurar ajuda?
Quando se ignoram os primeiros sintomas de perda de audição, está a desvalorizar-se não só o impacto deste problema nas competências comunicacionais, como o efeito negativo que a perda de audição tem nas capacidades cognitivas. As pessoas com perda de audição provocada pelo envelhecimento, e não reabilitadas, apresentam uma velocidade de declínio cognitivo de 30 a 40% mais rápida que uma pessoa com audição normal, havendo um aumento em 24% do risco de perdas de competências cognitivas (tais como concentração, memória, planeamento) e, consequentemente, aumentando a probabilidade de desenvolver demência.
A diminuição da qualidade de vida da pessoa com perda auditiva não reabilitada acontece essencialmente devido a 3 fatores:
- Stress - Quando nos esforçamos para ouvir, estamos a sobrecarregar o cérebro.
- Isolamento – Quando o esforço para ouvir é grande surge a tendência do isolamento social devido ao constrangimento de não perceber o que nos dizem, o que nos faz evitar os contextos sociais. Este isolamento pode levar à depressão, alterações no cérebro e perda de memória.
- Silêncio – Com o agravamento da perda de audição, o cérebro deixa de receber alguma parte da informação auditiva, e vai igualmente, gradualmente, perdendo memória auditiva. Se a isto associarmos o fenómeno de isolamento referido, o impacto será ainda bem maior, pois para além da perda de informação auditiva há a uma falta de estímulos auditivos derivados do convívio e da interação social, tornando o cérebro “menos funcional”.
A melhor forma de cuidar da sua audição é a prevenção (fazer rastreios auditivos anualmente a partir dos 55 anos) e a procura de ajuda profissional assim que sinta os primeiros sinais de perda auditiva. Lembre-se que a reabilitação auditiva precoce é muito importante para a sua saúde mental e para as suas capacidades cognitivas.