A Organização Mundial de Saúde estima que, em todo o mundo, cerca de 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva incapacitante (>40dB HL). Apesar do handicap causado, em média, as pessoas demoram cerca de 7 anos a procurar ajuda.
A melhor forma de diagnosticar a sua perda auditiva é consultar um médico especialista em otorrinolaringologia. Se nesta consulta for aconselhado a utilizar aparelhos auditivos, é provável que surjam várias questões e dúvidas acerca destes equipamentos e de todo o processo de reabilitação auditiva.
Neste artigo pretendemos esclarecê-las.
Porquê procurar ajuda agora?
A perda auditiva é tendencialmente progressiva, pelo que existe uma grande probabilidade de evoluir e ficar cada vez mais incapacitante se nenhuma ação for tomada.
Quando se ignoram os primeiros sintomas de perda de audição ou se ignora a recomendação médica, está a desvalorizar-se o impacto deste problema na qualidade de vida (comunicacional, social e relacional), na sua segurança, e também o efeito negativo que a perda de audição tem na memória auditiva, na memória operacional e nas capacidades cognitivas. Isto porque há uma relação significativa entre a perda de audição e o declínio de funções cognitivas – como a concentração e a memória – o que leva a um maior cansaço e a sentir-se mais distraído.
A dificuldade de perceção da voz promove o isolamento, uma vez que necessita de maior concentração para ouvir e entender o que é dito e essa situação leva-o a sentir-se cansado e com dores de cabeça e, assim, a evitar esses ambientes de conversação. Também o facto de ter necessidade de pedir para repetir o que lhe é dito, o poderá levar a afastar-se de conversas ou mesmo jantares família.
Ao não ouvir corretamente os sons pode, igualmente, pôr em causa a sua segurança, uma vez que pode não ser capaz de ouvir sinais de alarme, ou até mesmo o telefone ou telemóvel. Este é um fator de preocupação recorrente dos familiares que nos procuram, referindo que com a perda de audição deixaram de atender o telefone ou de ouvir a campainha da porta.
Todas estas situações anteriormente descritas podem ser um ponto de partida para o declínio cognitivo. Vejamos o seguinte quadro:
Estes estudos demonstram que há o risco de a perda auditiva aumentar em até 5 vezes a probabilidade de desenvolver processos demenciais.
Como posso procurar ajuda?
É importante perceber que os aparelhos auditivos são dispositivos médicos e que fazem parte de um processo clínico de reabilitação auditiva. Pelo que deverá procurar sempre ajuda de profissionais de saúde credenciados – audiologistas especialistas em reabilitação auditiva.
Comece por conversar com os seus familiares sobre a sua dificuldade e a sua necessidade de utilizar aparelhos auditivos. Será muito importante o suporte familiar durante todo o processo de adaptação, por isso convide os seus familiares a estarem presentes nas consultas.
Solicite aos seus familiares e/ou amigos ajuda na procura de informações, contactar com especialistas, pesquisar na internet, livros ou até outras pessoas que utilizem aparelhos auditivos.
Tenho vergonha de utilizar aparelhos auditivos.
A ideia de que os aparelhos são grandes, feios e apitam é muito comum entre os não utilizadores. Felizmente a evolução tecnológica trouxe a possibilidade de vários modelos de aparelhos auditivos com o melhor som em equipamentos muito pequenos, discretos e confortáveis.
Certamente, encontrará, em conjunto com o audiologista, um modelo de aparelhos auditivos que irá ao encontro das suas expetativas estéticas e acústicas.
Como sei que encontrei a solução ideal?
A solução ideal é aquela que lhe garante uma audição o mais próxima possível do normal e a melhoria da sua qualidade de vida. Existem várias ferramentas que podem avaliar estes resultados e dar-lhe a informação de estar no caminho certo.
As suas necessidades auditivas, as suas rotinas, a anatomia dos seus canais auditivos e a sua perceção do som são únicas, pelo que a solução ideal para si, será necessariamente diferente da do seu familiar ou amigo.
Assim, deve ter em atenção se os aparelhos auditivos que lhe foram propostos garantem a correção das suas necessidades auditivas (conversa um para um, ver TV, falar ao telefone, …), se são confortáveis fisicamente e acusticamente, se lhe garantem que o acompanhamento clínico para assegurar que os seus aparelhos auditivos estão corretamente adaptados com o passar dos anos e evolução da perda de audição, e se terá assistência técnica e manutenção no caso de necessidade.
Depois de colocar os aparelhos auditivos tenho de voltar à consulta com o médico?
Sim! É muito importante que todo o processo de reabilitação auditiva seja acompanhado pelo seu médico especialista. O seu médico é quem melhor conhece o seu caso clínico, e é parte integrante da equipa multidisciplinar que acompanha o processo de reabilitação auditiva, pelo que é fundamental que o médico ORL dê o seu parecer clínico e valide a boa adaptação dos aparelhos auditivos.
Relembramos que é igualmente fundamental manter as consultas com o seu audiologista para garantir que os aparelhos auditivos estão bem adaptados e em concordância com as suas necessidades auditivas.