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Audição, Som e Escuta: Três Conceitos Essenciais para a Comunicação

21/04/2025
21/04/2025

Já alguma vez sentiu que, mesmo ouvindo alguém falar, não conseguiu realmente entender a mensagem? Durante a pandemia da COVID-19, muitas pessoas experimentaram, pela primeira vez, dificuldades de comunicação em ambientes ruidosos. O uso obrigatório de máscaras, que bloqueava o rosto e as expressões faciais, fez com que a leitura labial, uma das pistas visuais essenciais para a comunicação, se tornasse mais difícil.

Para quem tem perda auditiva, esta dificuldade não foi novidade - é uma realidade constante. A audição vai muito além de captar sons. É a base da nossa conexão com o mundo, é o que nos permite comunicar e interpretar emoções. Para aqueles que nasceram a ouvir, o som das palavras é apenas uma parte da mensagem: o tom, a entoação e até os silêncios são cruciais.

Mas, afinal, o que significa "ouvir"? O que distingue o som, a audição e a escuta? Neste artigo, vamos explorar estas diferenças e perceber o impacto que têm na nossa vida e a qualidade da comunicação.

A diferença entre som e audição


O som está em todo o lado. O barulho do trânsito, o riso de um familiar, a melodia da nossa música favorita – tudo isto é um fenómeno físico, uma onda sonora que possui intensidade, frequência e duração. Mas a verdade é que o som existe independentemente de ser ouvido ou não. Já a audição é um processo fisiológico e subjetivo, que ocorre no ouvido, mas que só tem significado porque o cérebro interpreta os impulsos recebidos.


Quando as ondas sonoras chegam ao ouvido, fazem vibrar estruturas minúsculas na cóclea, que transformam esses sinais em impulsos elétricos. Só quando esses impulsos chegam ao cérebro é que fazem sentido. Esses sinais seguem pelo nervo auditivo até o cérebro, onde são processados. No entanto, ouvir não significa necessariamente compreender.

É no cérebro que esses impulsos são descodificados, analisados e interpretados, associando-os a experiências passadas, emoções e contextos. Portanto, dois indivíduos expostos ao mesmo som podem interpretá-lo de formas totalmente diferentes.

Escuta: a importância de prestar atenção ativamente

Ouvir é um processo passivo. Mas escutar? Isso já exige mais de nós, requer uma atenção ativa.
Imagine que está num café movimentado e cheio de pessoas a conversar. Consegue ouvir múltiplas as vozes à sua volta, mas se quiser compreender uma conversa específica, precisa de filtrar os sons de fundo e focar-se na conversa para interpretar a informação de maneira eficaz. Isto é escutar. Da mesma forma, numa reunião, a perceção das palavras não garante a sua compreensão. Sem concentração, a informação pode passar despercebida.

A escuta ativa envolve concentração e interpretação. Se há ruído em excesso ou dificuldades auditivas, a compreensão pode ser comprometida. É por isso que muitas pessoas com perda auditiva sentem fadiga mental após longos períodos de comunicação - o cérebro precisa de trabalhar mais para interpretar os sons corretamente.

Como a perda auditiva impacta a comunicação?

Compreender as diferenças entre som, audição e escuta ajuda-nos a perceber a complexidade da perda auditiva. Perder audição não significa apenas deixar de ouvir sons baixos. Pode afetar a forma como percebemos palavras, distinguimos vozes e participamos em conversas.
Além da dificuldade em ouvir, a perda auditiva pode prejudicar a interação social e até funções cognitivas, como a atenção e a memória. Inclusive, existem estudos que mostram uma ligação entre perda auditiva não tratada e o declínio cognitivo.

A audição está profundamente conectada ao cérebro e à nossa capacidade de processar e compreender o que ouvimos. Portanto, manter a saúde auditiva é fundamental para preservar a nossa qualidade de vida e bem-estar.

A complexidade da reabilitação auditiva

Muitas pessoas acreditam que um aparelho auditivo apenas amplifica os sons. Na realidade, a reabilitação auditiva é muito mais do que isso. 

Se uma pessoa passa anos sem ouvir determinados sons, o cérebro pode perder a capacidade de os reconhecer. Mesmo que um dispositivo de alta tecnologia restabeleça a perceção desses sons, o cérebro precisa de reaprender a interpretá-los corretamente.

É por isso que reabilitação auditiva envolve o restabelecimento da relação entre os estímulos sonoros e a interpretação cerebral.

A intervenção precoce é essencial para garantir que a perda auditiva é tratada de forma eficaz e que os impactos na vida do paciente sejam minimizados.

A importância do diagnóstico precoce

Se já notou dificuldades em compreender conversas, necessidade de aumentar o volume da televisão ou distinguir palavras em ambientes ruidosos, pode ser o momento de avaliar a sua audição.
A boa notícia? O diagnóstico precoce da perda auditiva e o acompanhamento de um audiologista fazem toda a diferença. A tecnologia de aparelhos auditivos, como os da Widex, evolui constantemente, oferecendo soluções auditivas inovadoras para melhorar a qualidade de vida. No entanto, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados na recuperação da audição e da compreensão auditiva.

Cuide da sua audição

A nossa capacidade de ouvir liga-nos às pessoas, às emoções e ao mundo ao nosso redor. Perder essa conexão pode ser frustrante, mas há soluções.
Se suspeita que a sua audição já não é a mesma, não ignore os sinais. Agende uma consulta de avaliação auditiva com um audiologista e descubra como pode continuar a desfrutar dos sons da vida com clareza e confiança.

João Ferrão
Diretor de Audiologia na Widex Portugal